Ele se olhou no espelho
Esperava por um telefonema, mas não tinha o que falar
Não tinha nada o que falar sobre ele
Ela então telefonou e
Ele, irritado, lhe disse:
Não tenho muito o que falar
Quer saber do meu trabalho?
Tornei-me o que não sou, isso é possível?
Ela replicou:
Você perdeu as horas
Perdeu...
Perdeu as suas horas
Ele lamentava:
Eu sou olheiras
Eu sou o chefe
Eu estou cansado...
Eu não sei mais quem ser quando chego em casa
Me diga, me diga a verdade. Você ainda me reconhece?
Ela, embaralhada
Te vejo só à distância
Em minhas lembranças.
Eu não sei onde fomos parar
Às vezes, nos imagino conversando
E estamos livres, e somos livres
E continuamos sendo...
Mas me parece que agora fingimos não saber
Fingimos não saber de nada.
Demos nossos pescoços à prêmio
E o tempo nos deu o nó da gravata.
domingo, 26 de abril de 2009
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