Eu te olhei com espanto:
Aquele teu corpo magro, amarelo-castanho
Que mal se aconchegava na frouxisse das roupas
Os cabelos espantados em choque elétrico, como arames farpados
A testa recôndita, rachada de sol
Eu bem sabia que teus dentes eram sorrisos de mentira
Você certamente era banguela.
Procurei a mulher bonita.
Mas, teu cabelo cor de tinta esgarçada
Tua voz dura e valente nordestina
O som estridente da sua risada paquidérmica
Que ria nem sei do quê
Ixe, que agonia!
No entanto, eu e você, mesma gente.
Mesmo aqueles cambitos masculinos por debaixo da tua saia de chita
E, me culpando pelos cambitos
Te dei vinte e cinco centavos
E envergonhada dos meus dentes sadios
Eu tentei permanecer sã em nossa relação
Permanecer justa e consciente da situação
Sentir-me culpada, chorar sua desgraça seria uma forma de não sentir-me um monstro
De mostrar sensibilidade
Porcaria:
Monstro ela
Monstro eu
Presas às nossas diferenças
À vítima e o ladrão
Saia da minha porta, coisa feia!
Suma para dentro do caixão.
Um comentário:
om tare tam soha
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