sábado, 9 de janeiro de 2010

A Carta-alfinete de Augustina para Romualdo

Romualdo, seu babaca.

Eu sempre soube seu nome, até mesmo antes de precisar sabê-lo. Sempre reconheci sua presença e nunca hesitei em levantar meus olhos para encontrar os seus. Você, pagando de misterioso, de soberbo, achava que se fazia mais amado quando banhado em orgulho. Eu não, Romualdo! Eu te amava por amar mesmo, te amava mesmo sabendo que, para muito além de seu covarde mistério, havia apenas um babaca.

Quer saber quando me enchi para sempre? Quando você pisou no meu pé e eu gritei no meio da rua:
AAAAAAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIII! - Pois que a pisada me doeu bastante!

Você então, profundamente envergonhado, disse-me que eu estava louca por gritar assim de dor na frente de outras pessoas, inclusive da sua. E, para não admitir sua vergonha em ter me machucado, seu ego ferido de misterioso violado em sua imperfeição, você preferiu me deixar sozinha na calçada, alegando revolta contra a minha reação.

A babaquice então chegou a um ponto... Você preferiu culpar-me por deixá-lo saber de minha dor do que reconhecer sua falta. Pois, é claro, seria pedir demais que saísse de seu castelo de cristal e se unisse a mim, a mim que sou humana?

Então, Romualdo, seu grande babaca, fique sabendo que grito sim os meus reclames! Não quero viver perto de alguém que apaga a luz de sua própria consciência em troca de uma maturidade, no mínimo, infantil.

Envio-lhe então esta carta-alfinete, que é pra te espetar todinho - pra você nunca mais pisar em alguém com o intuito de evitar sentir-se pisado. Mistério é pra quem gosta de jogar, mas eu sempre joguei sério contigo e não admito as babaquices que vêm das portas fechadas de um misterioso sem sinceridade!

Adeus!

Augustina

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