segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O Filho Do Seu Menino - Jair Rodrigues

(...)
Quem olha só os prazeres que a vida traz
E vive nas entrelinhas dos homens sem raiz
Se enche de amores falsos
Pois hoje em dia tem gente que vive de fantasia
No desespero de ser feliz
(...)
Eita, na virada do tempo
Um pai tira versos de amor
A vida pode ser dura mas tem momentos de alegria
que há poesia batendo a porta do sonhador
(...)

Eduardo Galeano em O livro dos abraços

A dignidade da arte

Eu escrevo para os que não podem me ler. Os de baixo, os que esperam há séculos na fila da história, não sabem ler ou não tem com o quê.
Quando chega o desânimo, me faz bem recordar uma lição de dignidade da arte que recebi há anos, num teatro de Assis, na Itália. Helena e eu tínhamos ido ver um espetáculo de pantomima, e não havia ninguém. Ela e eu éramos os únicos espectadores. Quando a luz se apagou, juntaram-se a nós o lanterninha e a mulher da bilheteria. E, no entanto, os atores, mais numerosos que o público, trabalharam naquela noite como se estivessem vivendo a glória de uma estréia com lotação esgotada. Fizeram
sua tarefa entregando-se inteiros, com tudo, com alma e vida; e foi uma maravilha.
Nossos aplausos ressoaram na solidão da sala. Nós aplaudimos até esfolar as mãos.

Arnaldo Antunes in Tudos

Eu apresento a página branca.

Contra:

Burocratas travestidos de poetas
Sem-graças travestidos de sérios
Anões travestidos de crianças
Complacentes travestidos de justos
Jingles travestidos de rock
Estórias travestidas de cinema
Chatos travestidos de coitados
Passivos travestidos de pacatos
Medo travestido de senso
Censores travestidos de sensores
Palavras travestidas de sentido
Palavras caladas travestidas de silêncio
Obscuros travestidos de complexos
Bois travestidos de touros
Fraquezas travestidas de virtudes
Bagaços travestidos de polpa
Bagos travestidos de cérebros
Celas travestidas de lares
Paisanas travestidos de drogados
Lobos travestidos de cordeiros
Pedantes travestidos de cultos
Egos travestidos de eros
Lerdos travestidos de zen
Burrice travestida de citações
água travestida de chuva
aquário travestido de tevê
água travestida de vinho
água solta apagando o afago do fogo
água mole sem pedra dura
água parada onde estagnam os impulsos
água que turva as lentes e enferruja as lâminas
água morna do bom gosto, do bom senso e das boas intenções
insípida, amorfa, inodora, incolor
água que o comerciante esperto coloca na garrafa para diluir o whisky
água onde não há seca
água onde não há sede
água em abundância
água em excesso
água em palavras.

Eu apresento a página branca.

A árvore sem sementes.

O vidro sem nada na frente.

Contra a água.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Castles burning



Old man lying by the side of the road
With the lorries rolling by,
Blue moon sinking from the weight of the load
And the building scrape the sky,
Cold wind ripping down the allay at dawn
And the morning paper flies,
Dead man lying by the side of the road
With the daylight in his eyes.

Don't let it bring you down
It's only castles burning,
Find someone who's turning
And you will come around.

Blind man running through the light of the night
With an answer in his hand,
Come on down to the river of sight
And you can really understand,
Red lights flashing through the window in the rain,
Can you hear the sirens moan?
White cane lying in a gutter in the lane,
If you're walking home alone.

Don't let it bring you down
It's only castles burning,
Just find someone who's turning
And you will come around.

Don't let it bring you down
It's only castles burning,
Just find someone who's turning
And you will come around.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Nomes Completos

Não gosto de nomes completos.
Eles não parecem
Sinceros.

Vinte e pouquinhos

Seguramente tudo está um pouco frio.
Seguramente.
Eu já estive.
Num lugar mais... agasalhante.

Meus sonhos são de neon.
Como faço para ganhar dinheiro?
Quero voltar para
o neon.

Tristeza,
por favor vá embora.
Gracinha.

É um caminho semi-aberto
Semi-aorta.
Semi-árido.

Preciso montar um organograma
mas para isso não presto.
Preciso desenhar um futuro.

Por que não rasgar tudo?

Rasgar rasgar rasgar ragsra

Vai passar fome? Não é mais CRIANÇA.

Deseje-me sorte

Deseje-me sorte
Sou um turbilhão de notícias ainda não verbalizadas
Sim, deseje-me sorte.

Me siento solo - Adanowsky



"Me siento solo,
abandonado,
no deseado;
quiero ser otro.

Pero en el fondo
siempre lo pienso:
“siempre fui amado,
acompañado”.

¿Por qué me siento así,
si todo brilla en sí?
Me quiero ir de aquí,
lejos de mí.

Intento curarme,
solo amarme,
pero nada lo cambia,
vivo con rabia.

A veces me quiero,
a veces me odio,
pero hoy hasta es tan obvio:
“Quiero ser otro”.

¿Por qué me siento así,
si todo brilla en sí?
Me quiero ir de aquí,
lejos de mí."

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O Poeta do Castelo (1959) - Manuel Bandeira tossindo, bebendo leite e caminhando pelo Rio



Belo belo minha bela
Tenho tudo que não quero
Não tenho nada que quero
Não quero óculos nem tosse
Nem obrigação de voto
Quero quero
Quero a solidão dos píncaros
A água da fonte escondida
A rosa que floresceu
Sobre a escarpa inacessível
A luz da primeira estrela
Piscando no lusco-fusco
Quero quero
Quero dar a volta ao mundo
Só num navio de vela
Quero rever Pernambuco
Quero ver Bagdad e Cusco
Quero quero
Quero o moreno de Estela
Quero a brancura de Elisa
Quero a saliva de Bela
Quero as sardas de Adalgisa
Quero quero tanta coisa
Belo belo
Mas basta de lero-lero
Vida noves fora zero

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Canção IX - Hilda Hilst

"Tenho meditado e sofrido

Imanada nesse corpo e seu

Aquático jazigo

Pensando

Que se a mim não deram

Esplêndida beleza

Deram-me a garganta

Esplandecida

Palavra de ouro

A canção imantada

O sumarento gozo de cantar

Iluminada

Pungida

E te assustas do meu canto

Tendo-me a mim

Presa, estiva e exata

Apenas tu

Dionísio

É que recusas

Ariana suspensa nas tuas asas"

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

If this Journey - Por Kath Bloom

Uma simples e bela música. Pena não encontrá-la online em lugar algum...


"If this journey

Takes us forever

I will always stay by your side

I will never

Never remember

Oh, that day you told a crazy lie


So don’t worry

Put your head on my lap

We’ll spend the morning here


No don’t worry

Though the thunder may clap

We’ll spend the morning here


Let the sun dry away your problems

Let the rain wash away your pride

I will never, never remember, oh that day you went crazy inside


In the evening we’ll go down to the stream

We’ll bring our rocking chairs

In the morning, we’ll wake up from the dream

We’ll plan your garden there"

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Lo que no eres

"Si quieres dejar de hacer lo que haces, deja de ser lo que no eres."

Alejandro Jodorowsky

domingo, 7 de novembro de 2010

Racismo

“Para não aceder à humanidade, as
pessoas se atiram nas profundezas sombrias
da doutrina zoológica que é o racismo.”
Franz Kafka

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Pair of Silk Stockings - Kate Chopin

Little Mrs. Sommers one day found herself the unexpected possessor of fifteen dollars. It seemed to her a very large amount of money, and the way in which it stuffed and bulged her worn old porte-monnaie gave her a feeling of importance such as she had not enjoyed for years.

The question of investment was one that occupied her greatly. For a day or two she walked about apparently in a dreamy state, but really absorbed in speculation and calculation. She did not wish to act hastily, to do anything she might afterward regret. But it was during the still hours of the night when she lay awake revolving plans in her mind that she seemed to see her way clearly toward a proper and judicious use of the money.

A dollar or two should be added to the price usually paid for Janie's shoes, which would insure their lasting an appreciable time longer than they usually did. She would buy so and so many yardsof percale for new shirt waists for the boys and Janie and Mag. She had intended to make the old ones do by skilful patching. Mag should have another gown. She had seen some beautiful patterns, veritable bargains in the shop windows. And still there would be left enough for new stockings -- two pairs apiece -- and what darning that would save for a while! She would get caps for the boys and sailor-hats for the girls. The vision of her little brood looking fresh and dainty and new for once in their lives excited her and made her restless and wakeful with anticipation.

The neighbors sometimes talked of certain "better days" that little Mrs. Sommers had known before she had ever thought of being Mrs. Sommers. She herself indulged in no such morbid retrospection. She had no time -- no second of time to devote to the past. The needs of the present absorbed her every faculty. A vision of the future like some dim, gaunt monster sometimes appalled her, but luckily to-morrow never comes.

Mrs. Sommers was one who knew the value of bargains; who could stand for hours making her way inch by inch toward the desired object that was selling below cost. She could elbow her way if need be; she had learned to clutch a piece of goods and hold it and stick to it with persistence and determination till her turn came to be served, no matter when it came.

But that day she was a little faint and tired. She had swallowed a light luncheon -- no! when she came to think of it, between getting the children fed and the place righted, and preparing herself for the shopping bout, she had actually forgotten to eat any luncheon at all!

She sat herself upon a revolving stool before a counter that was comparatively deserted, trying to gather strength and courage to charge through an eager multitude that was besieging breastworks of shirting and figured lawn. An all-gone limp feeling had come over her and she rested her hand aimlessly upon the counter. She wore no gloves. By degrees she grew aware that her hand had encountered something very soothing, very pleasant to touch. She looked down to see that her hand lay upon a pile of silk stockings. A placard near by announced that they had been reduced in price from two dollars and fifty cents to one dollar and ninety-eight cents; and a young girl who stood behind the counter asked her if she wished to examine their line of silk hosiery. She smiled, just as if she had been asked to inspect a tiara of diamonds with the ultimate view of purchasing it. But she went on feeling the soft, sheeny luxurious things -- with both hands now, holding them up to see them glisten, and to feel them glide serpent-like through her fingers.

Two hectic blotches came suddenly into her pale cheeks. She looked up at the girl.

"Do you think there are any eights-and-a-half among these?"

There were any number of eights-and-a-half. In fact, there were more of that size than any other. Here was a light-blue pair; there were some lavender, some all black and various shades of tan and gray. Mrs. Sommers selected a black pair and looked at them very long and closely. She pretended to be examining their texture, which the clerk assured her was excellent.

"A dollar and ninety-eight cents," she mused aloud. "Well, I'll take this pair." She handed the girl a five-dollar bill and waited for her change and for her parcel. What a very small parcel it was! It seemed lost in the depths of her shabby old shopping-bag.

Mrs. Sommers after that did not move in the direction of the bargain counter. She took the elevator, which carried her to an upper floor into the region of the ladies' waiting-rooms. Here, in a retired corner, she exchanged her cotton stockings for the new silk ones which she had just bought. She was not going through any acute mental process or reasoning with herself, nor was she striving to explain to her satisfaction the motive of her action. She was not thinking at all. She seemed for the time to be taking a rest from that laborious and fatiguing function and to have abandoned herself to some mechanical impulse that directed her actions and freed her of responsibility.

How good was the touch of the raw silk to her flesh! She felt like lying back in the cushioned chair and reveling for a while in the luxury of it. She did for a little while. Then she replaced her shoes, rolled the cotton stockings together and thrust them into her bag. After doing this she crossed straight over to the shoe department and took her seat to be fitted.

She was fastidious. The clerk could not make her out; he could not reconcile her shoes with her stockings, and she was not too easily pleased. She held back her skirts and turned her feet one way and her head another way as she glanced down at the polished, pointed-tipped boots. Her foot and ankle looked very pretty. She could not realize that they belonged to her and were a part of herself. She wanted an excellent and stylish fit, she told the young fellow who served her, and she did not mind the difference of a dollar or two more in the price so long as she got what she desired.

It was a long time since Mrs. Sommers had been fitted with gloves. On rare occasions when she had bought a pair they were always "bargains," so cheap that it would have been preposterous and unreasonable to have expected them to be fitted to the hand.

Now she rested her elbow on the cushion of the glove counter, and a pretty, pleasant young creature, delicate and deft of touch, drew a long-wristed "kid" over Mrs. Sommers's hand. She smoothed it down over the wrist and buttoned it neatly, and both lost themselves for a second or two in admiring contemplation of the little symmetrical gloved hand. But there were other places where money might be spent.

There were books and magazines piled up in the window of a stall a few paces down the street. Mrs. Sommers bought two high-priced magazines such as she had been accustomed to read in the days when she had been accustomed to other pleasant things. She carried them without wrapping. As well as she could she lifted her skirts at the crossings. Her stockings and boots and well fitting gloves had worked marvels in her bearing -- had given her a feeling of assurance, a sense of belonging to the well-dressed multitude.

She was very hungry. Another time she would have stilled the cravings for food until reaching her own home, where she would have brewed herself a cup of tea and taken a snack of anything that was available. But the impulse that was guiding her would not suffer her to entertain any such thought.

There was a restaurant at the corner. She had never entered its doors; from the outside she had sometimes caught glimpses of spotless damask and shining crystal, and soft-stepping waiters serving people of fashion.

When she entered her appearance created no surprise, no consternation, as she had half feared it might. She seated herself at a small table alone, and an attentive waiter at once approached to take her order. She did not want a profusion; she craved a nice and tasty bite -- a half dozen blue-points, a plump chop with cress, a something sweet -- a crême-frappée, for instance; a glass of Rhine wine, and after all a small cup of black coffee.

While waiting to be served she removed her gloves very leisurely and laid them beside her. Then she picked up a magazine and glanced through it, cutting the pages with a blunt edge of her knife. It was all very agreeable. The damask was even more spotless than it had seemed through the window, and the crystal more sparkling. There were quiet ladies and gentlemen, who did not notice her, lunching at the small tables like her own. A soft, pleasing strain of music could be heard, and a gentle breeze, was blowing through the window. She tasted a bite, and she read a word or two, and she sipped the amber wine and wiggled her toes in the silk stockings. The price of it made no difference. She counted the money out to the waiter and left an extra coin on his tray, whereupon he bowed before her as before a princess of royal blood.

There was still money in her purse, and her next temptation presented itself in the shape of a matinée poster.

It was a little later when she entered the theatre, the play had begun and the house seemed to her to be packed. But there were vacant seats here and there, and into one of them she was ushered, between brilliantly dressed women who had gone there to kill time and eat candy and display their gaudy attire. There were many others who were there solely for the play and acting. It is safe to say there was no one present who bore quite the attitude which Mrs. Sommers did to her surroundings. She gathered in the whole -- stage and players and people in one wide impression, and absorbed it and enjoyed it. She laughed at the comedy and wept -- she and the gaudy woman next to her wept over the tragedy. And they talked a little together over it. And the gaudy woman wiped her eyes and sniffled on a tiny square of filmy, perfumed lace and passed little Mrs. Sommers her box of candy.

The play was over, the music ceased, the crowd filed out. It was like a dream ended. People scattered in all directions. Mrs. Sommers went to the corner and waited for the cable car.

A man with keen eyes, who sat opposite to her, seemed to like the study of her small, pale face. It puzzled him to decipher what he saw there. In truth, he saw nothing-unless he were wizard enough to detect a poignant wish, a powerful longing that the cable car would never stop anywhere, but go on and on with her forever.

domingo, 31 de outubro de 2010

Júpiter


Ela era feia, mas era minha.
Saudades de Júpiter, a minha bicicleta...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

I want it all - Queen



Adventure seeker on an empty street,
Just an alley creeper, light on his feet
A young fighter screaming, with no time for doubt
With the pain and anger can't see a way out,
It ain't much I'm asking, I heard him say,
Gotta find me a future move out of my way,
I want it all, I want it all, I want it all, and I want it now,
I want it all, I want it all, I want it all, and I want it now,

Listen all you people, come gather round
I gotta get me a game plan, gotta shake you to the ground
Just give me what I know is mine,
People do you hear me, just give me the sign,
It ain't much I'm asking, if you want the truth
Here's to the future for the dreams of youth,
I want it all, I want it all, I want it all, and I want it now,
I want it all, I want it all, I want it all, and I want it now,

I'm a man with a one track mind,
So much to do in one life time (people do you hear me)
Not a man for compromise and where's and why's and living lies
So I'm living it all, yes I'm living it all,
And I'm giving it all, and I'm giving it all,
It ain't much I'm asking, if you want the truth,
Here's to the future, hear the cry of youth,
I want it all, I want it all, I want it all, and I want it now,
I want it all, I want it all, I want it all, and I want it now,

domingo, 10 de outubro de 2010

Solonon Burke - I've got the blues



Té já, Solomon!

As I stand by your flame
I get burned once again
Feelin' low down, I'm blue

As I sit by the fire
Of your warm sexy sweet desire
I've got the blues for you, for you

Every night you've been away
I've sat down and I have prayed
That you're safe in the arms of a guy

Who will bring you alive, I hope will bring you alive
Someone who won't drag you down
Someone who won't misuse you, accuse you, abuse you, oh baby

In the satin sheets of time
I hope I' ll find true peace of mind
Love is a bed, love is a bed full of blues, blues

And I've got the blues for you, I won't tell you
I, I've got the blues, the blues for you, babe
Look what byou doin' to me babe

I've got the blues all night with you baby, oh baby, oh baby, oh baby
I come on form a half, I don't which way to turn, I don't which way to go
I can't watch TV, I can't watch the late show
'Cause I, I've got the blues, late might blues for you babe

Cry myself here in the morning, cry, baby
You somewhere watching The Rolling Stones
I here waiting here waiting in this bed of blues all alone

Singing a song to you, singing a song to you
Singing a song to you, you, you, you
Singing a song to you, oh

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sitting - Cat Stevens



"Oh, I'm on my way, I know I am,
somewhere not so far from here.
All I know is all I feel right now,
I feel a power growing in my hair.
Sitting on my own not by myself,
everybody's here with me.
I don't need to touch your face to know,
and I don't need to use my eyes to see .

I keep on wondering if I sleep too long?
Will I always wake up the same or so?
And keep on wondering if I sleep too long?
Will I even wake up again or something?

Oh, I'm on my way I know I am,
but times there were when I thought not.
Bleeding half my soul in bad company,
I thank the moon I had the strength to stop.
I'm not making love to anyone's wishes,
only for that god I see.
'Cause when I'm dead and lowered low in my grave,
that's gonna be the only thing that's left of me.

And if I make it to the waterside,
will I even find me a boat or so?
And, if I make it to the waterside,
I'll be sure to write you a note or something.
Oh I'm on my way, I know I am,
somewhere not so far from here
All I know is all I feel right now,
I feel a power growing in my hair.

Oh life is like a maze of doors and they all
open from the side you're on.
Just keep on pushing hard boy,
try as you may
You're going to wind up where you started from,
You're going to wind up where you started from."

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Peixinhos do mar

Quando um coração não está em paz...

"Quem tem tempo não é sério, quem não tem tempo é importante. Nunca fizemos tanto e realizamos tão pouco. Nunca tantos fizeram tanto por tão poucos.

Parar não é interromper. Muitas vezes continuar é que é uma interrupção. O dia de não trabalhar não é o dia de se distrair - literalmente, ficar desatento. É um dia de atenção, de ser atencioso consigo e com sua vida. A pergunta que as pessoas se fazem no descanso é 'o que vamos fazer hoje?' - já marcada pela ansiedade. E sonhamos com uma longevidade de 120 anos, quando não sabemos o que fazer numa tarde de domingo.

Quem ganha tempo, por definição, perde. Quem mata tempo, fere-se mortalmente. É este o grande 'radical livre' que envelhece nossa alegria - o sonho de fazer do tempo uma mercadoria. Em tempos de novo milênio, vamos resgatar coisas que são milenares. A pausa é que traz a surpresa e não o que vem depois. A pausa é que dá sentido à caminhada. A prática espiritual deste milênio será viver as pausas. Não haverá maior sábio do que aquele que souber quando algo terminou e quando algo vai começar. Afinal, por que o Criador descansou? Talvez porque, mais difícil do que iniciar um processo do nada, seja dá-lo como concluído."

Rabino Nilton Bonder

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Like Dylan In the Movies - Belle and Sebastian



"If they follow you
Don’t look back
Like dylan in the movies
On your own
If they follow you
It’s not your money that they’re after boy, it’s you

Pure easy listening, settle down
On the pillow soft when they’ve all gone home
You can concentrate on the ones you love
You can concentrate, hey, now they’re gone

If they follow you
Don’t look back
Like dylan in the movies
On your own
If they follow you
It’s not your money that they’re after boy, it’s you"

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Sobre o dinheiro e a virtude

"O dinheiro tornou-se grande prova da virtude. Nestra prova os mendigos são reprovados, por isso são desprezados. Se se conseguisse ganhar dez libras por semana mendigando, a mendicância se tornaria imediatamente uma profissão respeitável" George Orwel, em "Na Pior, em Paris e Londres"

i carry your heart with me - e e cummings

i carry your heart with me (i carry it in
my heart) i am never without it (anywhere
i go you go, my dear; and whatever is done
by only me is your doing, my darling)
i fear
no fate (for you are my fate, my sweet) i want
no world (for beautiful you are my world, my true)
and it's you are whatever a moon has always meant
and whatever a sun will always sing is you

here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life; which grows
higher than the soul can hope or mind can hide)
and this is the wonder that's keeping the stars apart

i carry your heart (i carry it in my heart)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Song to the Siren



Espero um dia fazer algo bonito assim. Uma das melhores músicas que já ouvi.
Long afloat on shipless oceans
I did all my best to smile
'til your singing eyes and fingers
Drew me loving to your isle
And you sang
Sail to me
Sail to me
Let me enfold you
Here I am
Here I am
Waiting to hold you

Did I dream you dreamed about me?
Were you hare when I was fox?
Now my foolish boat is leaning
Broken lovelorn on your rocks,
For you sing, 'touch me not, touch me not, come back tomorrow:
O my heart, o my heart shies from the sorrow'

I am puzzled as the newborn child
I am troubled at the tide:
Should I stand amid the breakers?
Should I lie with death my bride?
Hear me sing, 'swim to me, swim to me, let me enfold you:
Here I am, here I am, waiting to hold you'

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Menino do Mato - Manoel de Barros

Ele sabia que as coisas inúteis e os
homens inúteis
se guardam no abandono.
Os homens no seu prórpio abandono.
E as coisas inúteis ficam para a poesia.

-----

Eu queria fazer parte das árvores como os
pássaros fazem.
Eu queria fazer parte do orvalho como as
pedras fazem.
Eu só não queria significar.
Porque significar limita a imaginação.
E com pouca imaginação eu não poderia
fazer parte de uma árvore.
Como os pássaros fazem.
Então a razão me falou: o homem não
pode fazer parte do orvalho como as pedras
fazem.
Porque o homem não se transfigura senão
pelas palavras.
E isso era mesmo.

Aquilo que querem

"(...) Chega o momento de agir e eles ficam paralisados, histéricos, assustados - nada os amedronta mais do que aquilo que querem - (...)"

Dean Moriarty em On The Road, de Jack Kerouac.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A Haunted House - Virginia Woolf



Whatever hour you woke there was a door shutting. From room to room they went, hand in hand, lifting here, opening there, making sure--a ghostly couple.

"Here we left it," she said. And he added, "Oh, but here too" "It's upstairs," she murmured. "And in the garden," he whispered. "Quietly," they said, "or we shall wake them."

But it wasn't that you woke us. Oh, no. "They're looking for it; they're drawing the curtain," one might say, and so read on a page or two. "Now they've found it,' one would be certain, stopping the pencil on the margin. And then, tired of reading, one might rise and see for oneself, the house all empty, the doors standing open, only the wood pigeons bubbling with content and the hum of the threshing machine sounding from the farm. "What did I come in here for? What did I want to find?" My hands were empty. "Perhaps its upstairs then?" The apples were in the loft. And so down again, the garden still as ever, only the book had slipped into the grass.

But they had found it in the drawing room. Not that one could ever see them. The windowpanes reflected apples, reflected roses; all the leaves were green in the glass. If they moved in the drawing room, the apple only turned its yellow side. Yet, the moment after, if the door was opened, spread about the floor, hung upon the walls, pendant from the ceiling--what? My hands were empty. The shadow of a thrush crossed the carpet; from the deepest wells of silence the wood pigeon drew its bubble of sound. "Safe, safe, safe" the pulse of the house beat softly. "The treasure buried; the room . . ." the pulse stopped short. Oh, was that the buried treasure?

A moment later the light had faded. Out in the garden then? But the trees spun darkness for a wandering beam of sun. So fine, so rare, coolly sunk beneath the surface the beam I sought always burned behind the glass. Death was the glass; death was between us, coming to the woman first, hundreds of years ago, leaving the house, sealing all the windows; the rooms were darkened. He left it, left her, went North, went East, saw the stars turned in the Southern sky; sought the house, found it dropped beneath the Downs. "Safe, safe, safe," the pulse of the house beat gladly. 'The Treasure yours."

The wind roars up the avenue. Trees stoop and bend this way and that. Moonbeams splash and spill wildly in the rain. But the beam of the lamp falls straight from the window. The candle burns stiff and still. Wandering through the house, opening the windows, whispering not to wake us, the ghostly couple seek their joy.

"Here we slept," she says. And he adds, "Kisses without number." "Waking in the morning--" "Silver between the trees--" "Upstairs--" 'In the garden--" "When summer came--" 'In winter snowtime--" "The doors go shutting far in the distance, gently knocking like the pulse of a heart.

Nearer they come, cease at the doorway. The wind falls, the rain slides silver down the glass. Our eyes darken, we hear no steps beside us; we see no lady spread her ghostly cloak. His hands shield the lantern. "Look," he breathes. "Sound asleep. Love upon their lips."

Stooping, holding their silver lamp above us, long they look and deeply. Long they pause. The wind drives straightly; the flame stoops slightly. Wild beams of moonlight cross both floor and wall, and, meeting, stain the faces bent; the faces pondering; the faces that search the sleepers and seek their hidden joy.

"Safe, safe, safe," the heart of the house beats proudly. "Long years--" he sighs. "Again you found me." "Here," she murmurs, "sleeping; in the garden reading; laughing, rolling apples in the loft. Here we left our treasure--" Stooping, their light lifts the lids upon my eyes. "Safe! safe! safe!" the pulse of the house beats wildly. Waking, I cry "Oh, is this your buried treasure? The light in the heart."

terça-feira, 13 de julho de 2010

Oração Ao Tempo - Caetano Veloso



És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...

Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...

O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...

sábado, 10 de julho de 2010

Mary e Max

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Marisa

Tinha dificuldades
De se encontrar dentro de uma só pessoa
E de se mostrar dentro do que é essa pessoa.

Por isso tão trancada. Atriz de ser si mesma.

Seu rosto foi quebrado contra o espelho
Rasgando-a em continentes e hemisférios.

Cicatrizes.

Ou foi o vidro que ela atravessou
Quando sua tia bateu o carro
E ela caiu em cima do capô.

Ou as mil operações
Que fizeram em seus olhos
Para que ela pudesse enxergar direito.
Todas, sem sucesso.

Marisa enxergava tudo tremido, pisca-piscando
E, pela necessidade de ver, aprendeu a olhar para dentro
Muito, muito bem
Mas sem saber
Sem saber como suas mãos e pés tomavam forma
Do lado de fora de seus ímpetos.

Dividida sua face em alguns pedaços
Marisa
Desejava apenas o laço perfeito
Entregar os resguardos mais genuínos de seu espírito
Porque era isso o que ela melhor conhecia
E era isso o que ela melhor reconhecia nos outros.

E, no entanto, por tanto querer a verdade verdadeira
Acabava sempre fugindo para o oposto:
Porque a verdade verdadeira
É ruminosa demais
Tão incerta
E pegajosa como chiclete no sapato.

Assim
Não foi por mal
Não foi por nada
Que ela saiu correndo da festa
Os sapatos desamarrados, um de número 35 e o outro 39.

Não foi por nada
Quando armou toda uma cena no meio da rua
Porque tinha vergonha de dizer olá
Para um rapaz que estava a alguns metros de distância.

Marisa se espreitava nas esquinas de suas palavras
E se esquecia de seu próprio endereço.

É que ela precisava sempre se ajuntar na frente dos outros
Para emitir uma frase completa
E ela não gostava disso
Que a vissem tão fragmentada
Tão prontamente enviesada. Tão sem saber como organizar a si mesma sem mentir.

Por isso, Marisa fechava as portas
Não admitia fotografias
Nenhum sorriso fora do eixo completo de sua alma
Nada que não fosse ela
Nada que não fosse o outro

Subitamente.

Amarílis Lage



terça-feira, 22 de junho de 2010

Big Mistake - Tim Fite



Show me the best that you got, and I'll show you one better
Show me your reddest rose, and I'll show you one redder
Tell me a dirty joke, and I'll laugh it off lightly
If I tell you a dirty joke, you might not like me

Everyone gets to make one big mistake
And if you're waitin' on me
Well, I guess you're gonna have to wait

Ti-time-timing is everything if you've got nothin' but time
(I got nothin' but time)
And a lie don't mean nothin' if nobody knows when you're lying
(lie when you lie)
So lie when you do, lie when you don't
Lie when you didn't, lie till you lie, lie, lie, lie
They're wonderin' if anybody else is lying

Everyone gets to make one big mistake
And if you're waitin' on me
Well, I guess you're gonna have to wait
'Cause I'm savin' mine up for a very, very special day
When I can fuck it all up in the most spectacular way

Everyone gets to make one big mistake
And if you're waitin' on me
Well, I guess you're gonna have to wait
And wait, and wait, and wait, and wait, and wait

Everyone gets to make one big mistake
(mistake, mistake, mistake, mistake, mistake, mistake, mistake, mistake)
And if you're waitin' on me
Well, I guess you're gonna have to wait (you're gonna have to wait)
'Cause I'm savin' mine up for a very, very special day
(it doesn't even matter if it don't even matter)
When I can fuck it all up in the most spectacular way

Show me the best that you got, and I'll show you one better
Show me your reddest rose, and I'll show you one redder
Tell me a dirty joke, and I'll laugh it off lightly

If I tell you a dirty joke, you might not like me

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O quereres - Caetano Veloso



"Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão

Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês

Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor

Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói

Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és

Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor

Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock’n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus

O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim"

domingo, 13 de junho de 2010

Inverno

"E, no meio do inverno, descobri em mim um verão invencível" Camus

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Rimbaud - o estranho, por Caio Meira

"Michel Foucault, em Dits et écrits, narrando seu próprio e progressivo desinteresse pela literatura, situa seu desencanto junto à descoberta de que a literatura e o espaço literário já haviam sido engolidos e enfraquecidos pelo espaço da circulação social e do consumo, perdendo a força transformadora e contestadora que ele sempre julgou fundamental. (28) Ele conclui seu pensamento perguntando-se se, ao tomar conhecimento disso, não é melhor fazer outra coisa do que literatura. Talvez tenha sido a essa mesma conclusão a que Rimbaud tenha chegado. Na realidade, se considerarmos todos os argumentos aqui levantados, é provável que Rimbaud nunca tenha feito "literatura", pelo menos a literatura a que Foucault se refere. E, tendo percebido isso, abandonou de vez o mundo dito literário e foi em busca de outras conquistas. Se tal fato corresponde ou não à verdade, isto vai permanecer, como tudo a que se refere ao poeta das Ardenas, um mistério."

Trecho de Cartas do Vidente - Rimbaud

"Agora, eu me encrapulo o máximo possível. Por quê? Quero ser poeta e trabalho para tornar-me vidente: Você não compreenderá nada e eu quase que não saberia explicá-lo. Trata-se de chegar ao desconhecido através do desregramento de todos os sentidos. Os sofrimentos são enormes, mas é preciso ser forte, ter nascido poeta, e eu me reconheci poeta. Não é de modo algum culpa minha. É errado dizer: Eu penso: dever-se-ia dizer: sou pensado. — Perdão pelo jogo de palavras.

Eu é um outro. [...]"

After a While

Sim, demorei muito a admitir. Mas eu gosto deste texto, e gosto de me lembrar de quando um dia o leram para mim. Talvez a lembrança e que beijos não são contratos. É disso. Como se todas essas palavras me dissessem sempre o mesmo - o que quero e desejo me lembrar delas.

"*After some time you learn the difference, the subtle difference between giving a hand and fettering a soul;
*And you learn that to love doesn't mean to support yourself, and that company doesn't always mean security.
*And you learn that kisses are not contracts and that gifts are not promises.
*And you start to accept your loss with your head up and eyes straight ahead, with the grace of a grown-up, not the sadness of a child.
*You learn to build the roads of today, because tomorrow's land is too unknown to make plans and the future usually falls from nowhere.
*After a while you learn that the sun burns if you expose yourself to it for very long.
*And you learn that it doesn’t matter how much you care, some people just don’t.
*And you accept that it doesn’t matter how good someone can be, they will hurt you once in a while and you have to forgive them for that.
*And you learn that talking can be a relief to emotional pain.
*You learn that it takes years to build trust and just seconds to destroy it, and you can do things in a second that you will regret for the rest of your life…
*You learn that friendship continuous to grow even with the distance and that what matters is not what you have in life, but who you are in life.
*And you learn that you don’t have to change friends if you understand that friends change, and you realize that you and your friend can do nothing or everything and still have good times together.
*And you learn that the people you care the most are taken away from you too fast, that is why we should always say caring things to those we love, because it might be the last time we see them…
*And you learn that you shouldn’t compare yourself to others, but to the best you can become.
*You learn that it takes a long time for you to become the person you want to be, and that life is too short.
*And you learn that it doesn't matter where you've already gotten to, but where you are going, and if you don't know where you're going, anywhere will do.
*You learn that either you control your acts or they will control you, and that being flexible doesn't mean you are being weak, or that you don't have a personality, for no matter how delicate and fragile a situation is, there are always two sides of it.
*And you learn that heroes are those that did only what was necessary...
*You learn that patience requires a lot of practice.
*You find out that sometimes the person that you expect to kick you when you fall, is one of the few that will help you up.
*You learn that maturity is about what kind of experiences you’ve had and what you’ve learned from them, not how many birthdays you have already celebrated.
*You learn that there's more of your parents in you than you suppose.
*You learn that you should never tell a child that dreams are foolishness, few things are so humiliating that it would be a tragedy if he believed that.
*You learn that when you are angry you have the right to be angry, but that does not give you the right to be cruel.
*You learn that just because someone doesn't love you the way you want to be loved, it doesn't mean that the person doesn't know how to love, and s/he loves you as much as s/he can, because there are people who love you, but simply don't know how to show it.
*You learn that being forgiven is never enough, sometimes you have to learn to forgive yourself.
*You learn that with the same harshness that you judge, you someday, will be condemned.
*You learn that no matter how many pieces your heart was broken into, the world doesn't stop so you can fix it.
*You learn that you cannot go back in time, so you have to take care of your garden and not wait for someone to bring you flowers.
*And you learn you can really bear it, that you're really strong and that you can go farther than you think, and that life has a value and you have a value before life!
*And you learn that our doubts are disloyal and that makes us lose what we could achieve, if it weren’t for the fear of trying."

Adaptation of Veronica Shoffstall's original text "After a While"

La Maza




A Maça

Se eu não acreditasse na loucura
Da garganta do sinzontle,
Se eu não acreditasse que no monte
Se esconde o trigo e o pavor...

Se eu não acreditasse na balança,
Na razão do equilíbrio,
Se eu não acreditasse no delírio,
Se eu não acreditasse na esperança...

Se eu não acreditasse no que gerencio,
Se eu não acreditasse no meu caminho,
Se eu não acreditasse no meu som,
Se eu não acreditasse no meu silêncio...

Que coisa fosse, que coisa fosse a maça sem pedreira?
Uma massa feito de cordas e tendões,
Uma confusão de carne com madeira,
Um instrumento sem melhores pretenciones
De luzinhas montadas para cena...

Que coisa fosse, coração, que coisa fosse?
Que coisa fosse a maça sem pedreira?
Um testa-de-ferro do traidor dos aplausos,
Um servidor de passado em taça nova,
Um eternizador de deuses do pôr-do-sol,
Júbilo fervido com trapo e lantejoula . . .

Que coisa fosse, coração, que coisa fosse?
Que coisa fosse a maça sem pedreira?
que coisa fosse, coração, que coisa fosse?
que coisa fosse a maça sem pedreira?

Se eu não acreditasse no mais duro,
Se eu não acreditasse no desejo,
Se eu não acreditasse no que acho,
Se eu não acreditasse em algo puro...

Se não acreditasse em cada ferida,
se não acreditasse no que ronde,
se não acreditasse no que esconde
Se fazer irmão da vida...

Se eu não acreditasse em quem me escuta,
Se eu não acreditasse no que dói,
Se eu não acreditasse no que fique,
Se eu não acreditasse no que luta...

Que coisa fosse, que coisa fosse a maça sem pedreira?
Uma massa feito de cordas e tendões,
Uma confusão de carne com madeira,
Um instrumento sem melhores pretenciones de luzinhas Montadas para cena...

Que coisa fosse, coração, que coisa fora?
Que coisa fosse a maça sem pedreira?

terça-feira, 8 de junho de 2010

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Filho desaparecido

Porque esses papeis bordados, cheios de requintes e risos forçados são falsas intenções - irrelevantes, de fato. Antes: a verdade. Antes: o real.

Por quantos anos na sombra? Por quantos anos alimentando devaneios de ser maior e inteira? E quantas máscaras forcei-me a usar? Ah, inventei-me em tantos trejeitos que desaprendi a ser eu mesma. E ser eu mesma era sempre uma vontade, mas antes disso violência, ameaça contra mim/contra todos.

Então escolho não ser cretina. E desisto de minha sina camponesa e PARO de florear pensamentos e desejos para não exibí-los ao mundo assim: tão frágeis e inóspitos - como são. Transformo medos e anseios em palavras úteis, duras, apenas funcionais. E com elas nada é tão bonito quanto costumava ser - quando eu me alimentava só de imaginação. A vida fica sem sal e sem açúcar - o real pisando toneladas sobre minhas asas.

Não encontrei - ainda - algo que fosse válido de ser vivido para além de minhas ideias. Mas fiz a escolha: a de jogar fora papeis bordados e risos forçados. Impossível arrepender-me de fazer confissões - doentes, há quem diga, mas humanamente humanas. Portanto, perdoáveis.

Muito mais perdoáveis que os jogos de cena, o ridículo circo que se tornava a minha boca calada para que ninguém julgasse meu coração tolo, fraco, insípido. HOJE: Faço minhas declarações, e depois saio pelas ruas chorosa, arrependida de minha forma de sempre complicar olhares e respingos de frases que ficam soltas. Ao exibir, pronunciar os abismos por tras do meu rosto, sinto-me ridícula, absurda - mas preferi, mas escolhi. Porque de alguma forma entendi que a liberdade só existe quando as palavras tocam o chão - outros ouvidos - e não o espelho. E é muito bom - repito - é muito bom saber para onde a vida se inclina, para onde ela segue. Viver de imaginação é como ser mãe de um filho desaparecido - é angustioso, infantil. Crescer tem dessas - entendimentos súbitos e humildades para falar e escutar. Já passei por isso, já passamos por isso. Entenda, eu não tive culpa. Não tenho culpa. Apenas sinto. Apenas sentes. É isso, é isso mesmo. Amém.

sábado, 5 de junho de 2010

Força


terça-feira, 1 de junho de 2010

O Homem Santo

"É porque o homem santo possui uma visão muito clara do fim e do começo, assim como do modo com que as seis etapas se completam _ cada qual no seu devido momento _, que ele as cavalga rumo ao céu como se fossem seis dragões.

O homem santo que compreende os mistérios da criação inerentes ao começo e ao fim, à vida e à morte, à dissolução e ao crescimento, e que compreende como estas polaridades opostas se condicionam mutuamente, transcende as limitações da transitoriedade. Para ele o significado do tempo consiste em possibilitar às etapas do crescimento se desdobrarem numa seqüência clara. Ele está atento a todos os momentos, e utiliza as seis etapas do crescimento como se estivesse montado em seis dragões, nos quais sobe aos céus. Assim os atributos "sublime" e "sucesso" do Criativo manifestam-se no homem."

extraído do Livro das Mutações

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Tabacaria - Fernando Pessoa

"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres
Com a morte a pôr umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens.
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira.
Em que hei de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu ,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo.
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando.
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
0 mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num paço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
0 seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena; Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, sem rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -,
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Vivi, estudei, amei, e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente.

Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
0 dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho, Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra, Sempre uma coisa tão inútil como a outra ,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou á janela.

0 homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(0 Dono da Tabacaria chegou á porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o dono da tabacaria sorriu."

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Mais Vale Ser Surdo que Ensurdecido

Antigamente as pessoas queriam criar-se uma reputação: isso já não basta, a feira tornou-se demasiado vasta; agora é necessário vender aos berros. A consequência é que mesmo as melhores gargantas forçam a voz e as melhores mercadorias não são oferecidas por orgãos enrouquecidos; já não há génio, nos nossos dias, sem clamor e sem rouquidão. Época vil para o pensador: devemos aprender a encontrar entre duas barulheiras o silêncio de que se tem necessidade e a fingir de surdo até chegar a sê-lo. Enquanto não se tiver chegado a isso, corre-se o risco de perecer de impaciência e de dores de cabeça.

Friedrich Nietzsche, in “A Gaia Ciência”

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Poor Boy, Nick Drake

"Never know what I came for
Seems that I've forgotten
Never ask what I came for
Or how I was begotten."

"Nunca sei por que vim
Parece que me esqueci
Nunca me pergunte por que vim
Ou como comecei a existir"

terça-feira, 18 de maio de 2010

a casca do ovo

Quebrei a casca do ovo e saí de casa
Em meu carrinho de rolimã, aéreos sorrisos luminosos
E mais rápido!
Até voar
:
Pendulando na cidade
Tarzanrina dos edifícios
Boca aberta de despartilhos
Balé dos cabelos em ventania

Como é bom saber da vida
que não cala nem alucina
Como é bom quando a vontade
rasga as merdiocridades
das incômodas e pálidas seguranças.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Tempo Rei - Gilberto Gil



"Não me iludo
Tudo permanecerá
Do jeito que tem sido
Transcorrendo
Transformando
Tempo e espaço navegando
Todos os sentidos...

Pães de Açúcar
Corcovados
Fustigados pela chuva
E pelo eterno vento...

Água mole
Pedra dura
Tanto bate
Que não restará
Nem pensamento...

Tempo Rei!
Oh Tempo Rei!
Oh Tempo Rei!
Transformai
As velhas formas do viver
Ensinai-me
Oh Pai!
O que eu, ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo
Socorrei!...

Pensamento!
Mesmo o fundamento
Singular do ser humano
De um momento, para o outro
Poderá não mais fundar
Nem gregos, nem baianos...

Mães zelosas
Pais corujas
Vejam como as águas
De repente ficam sujas...

Não se iludam
Não me iludo
Tudo agora mesmo
Pode estar por um segundo...

Tempo Rei!
Oh Tempo Rei!
Oh Tempo Rei!
Transformai
As velhas formas do viver
Ensinai-me
Oh Pai!
O que eu, ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo
Socorrei!..."

domingo, 9 de maio de 2010

METROPOLITANO

"(...)
Se não estás tão abatido, estude estrelas - no céu.
Na manhã onde, com Ela, tu te debatias entre estilhaços de neve, esses lábios verdes, os granizos, as bandeiras negras e os raios azuis, e os perfumes púrpuras do sol dos polos, - tua força"

Arthur Rimbaud

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Trilogia do Espanto - Marcelo Maluf

"O MISTÉRIO

o vaga-lume no quarto

era a única estrela naquela noite



O MEDO

antes que ele começasse a chorar

as bolinhas de gude despencaram do teto



ASSOMBRO

depois de cruzar oceanos e montanhas

vencer tigres e dragões

os olhos ainda se encantavam com a semente de feijão"

terça-feira, 4 de maio de 2010

Forever Young - Bob Dylan



May God bless and keep you always,
May your wishes all come true,
May you always do for others
And let others do for you.
May you build a ladder to the stars
And climb on every rung,
May you stay forever young,
Forever young, forever young,
May you stay forever young.

May you grow up to be righteous,
May you grow up to be true,
May you always know the truth
And see the lights surrounding you.
May you always be courageous,
Stand upright and be strong,
May you stay forever young,
Forever young, forever young,
May you stay forever young.

May your hands always be busy,
May your feet always be swift,
May you have a strong foundation
When the winds of changes shift.
May your heart always be joyful,
May your song always be sung,
May you stay forever young,
Forever young, forever young,
May you stay forever young.

domingo, 2 de maio de 2010

Pé de sonhos - Nara Leão



No quintal por trás de casa
Tem um pé de sonho
Que não para de florar
Florar a noite inteira
Cada sonho seu
Me faz sorrir e até cantar

Rua do Ouro, uma rua
Senhora nada adorada
Não é uma rua
É uma estrada
Cheia de casa do lado
Deixa eu falar desta rua
Que ninguém pode entender
Deixa eu dizer que ela é cheia
De ouro mas ninguém vê

Maria, Mariazinha, que outro dia se foi
Saiu cantando na estrada
Voltou chorando depois
Hoje ela canta sozinha
Chamando pelo luar
Hoje ela chora baixinho
Que é pra ninguém escutar

Que olhar escondes o viço
Dos teus olhos já sem cor
Também só tenho dois braços
Posso colher uma flor
Posso plantar uma rua
Na estrada que vês agora
Posso seguir pela estrada
Quando for chegada a hora.

sábado, 1 de maio de 2010

Aos três amigos que perdi........................

Um amor do imaginário

Eu queria ter visto seu rostinho e segurado sua mão quando você era recém-nascida.

Queria ter presenciado o seu sorriso banguela envolto por sardas enquanto você entrava pela primeira vez no mar.

Queria ter ouvido as conversas que você teve com seu cachorro (e também queria ter sido esse cachorro).

Queria ter lhe socorrido quando você caiu do patins.

Queria ter conhecido o seu primeiro beijo

E perguntado ao moleque que te beijou qual era a língua de sua boca e a chave dos seus lábios.

Queria ter encontrado seus olhos quando eles tiveram a expressão mais apaixonada por alguém, cheios de entrega fértil, pontuda e macia.

Queria estar entre seus colegas de classe quando você foi eleita rainha do milho.

Queria ter lhe dado um abraço no dia de sua formatura e achado graça de sua beca ridícula.

Queria ter me sentado à mesa mais próxima quando você ficou bêbada e deixou seu caderno no bar.

Queria expulsar o anjinho que sempre paira sobre o lado direito de seu ombro. E assim ficar bem próxima a você quando sua alma exalar algum som.

Queria fazer carinho na sua cabeça cada vez que você chorasse.

Ter todo o tempo possível para andar na lua dos seus sonhos.

Espreitar nas frestas de todas as suas vertentes.

Queria conhecer suas pedras e suas vergonhas mais inocentes e sutis.

Queria sentir o cheiro que o seu carro tem por dentro.

Queria que você me emprestasse suas mãos, para que elas me tocassem o rosto.

Queria que você risse comigo, dançasse comigo, encostasse sua cabeça no meu ombro e tivesse paciência com minha timidez.

Queria que você passasse a noite em claro ao meu lado, trocando olhares entre deixas mal-feitas e cervejas.

Queria ser a sorte de ver seu corpo suado e vermelho de segredos incontidos.

Queria que você me confiasse suas pernas e as enroscasse nas minhas.


Sem conversas, disse-me-disse, nada com nada.

Apenas eu, acompanhando você.

Sem desencanto, palavras cortadas, interpretações, espelhos.

Não quero me comprometer com mais nada, a não ser com o pretérito imperfeito do indicativo do verbo querer.

Não quero depósitos e promessas de casamento:
Não suportaria que fôssemos inteiro dividas em dois pedaços
Não suportaria reconhecer nossas esquinas abertas para lados opostos, nossos olhares enviesados, aqueles caminhos onde não caminhamos juntas.

Não almejo nada disso

Quero sim: as horas eternas de sua alma
Essência etérea e furtiva
Plena, amoras e lichias
Girassois girando
O desejo, a curiosidade, o acidente entre peles que se ultrapassam

Não desejo ser obrigação, pedidos, juras, paneladas

Estou bem, aqui
E, lhe juro, você nunca será tão profundamente amada
Como está sendo agorinha, cheia de agorinhas, por mim.

domingo, 25 de abril de 2010

Memória

"Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão"

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 13 de abril de 2010

Não se pode falar do deserto...

"Não se pode falar do deserto como de uma paisagem, pois ele é, apesar de sua variedade, ausência de paisagem.

Essa ausência concede a ele sua realidade.

Não se pode falar do deserto como de um lugar; pois ele é, também, um não lugar; o não-lugar de um lugar ou o lugar de um não-lugar.

Não se pode pretender que o deserto seja uma distância, porque ele é, ao mesmo tempo, real distância e não-distância absoluta por causa de sua ausência de marcas. Ele tem, como limites, os quatro horizontes, sendo o que os liga e os separa. Ele é sua própria separação onde ele se torna lugar aberto; abertura do lugar.

Não se pode pretender que o deserto seja o vazio, o nada. Não se pode, tampouco, pretender que ele seja o término, uma vez que ele é, igualmente, o começo."

Edmond Jabès
(tradução: Caio Meira)

Heriberto Yépez

"parece que você vai demorar para encontrar a saída. não até que abandone seu desejo doentio de controlar tudo. o que se segue é confusão ou entretenimento. o que se segue são sombras."

tradução de Rodrigo Garcia Lopes

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Plástico Bolha - Karina Buhr

"Mas hoje eu não tô a fim de corre-corre e confusão
Eu quero passar a tarde estourando plástico bolha"

terça-feira, 16 de março de 2010

Maria Joana

"Não faz feitiço quem não tem um terreiro
Nem batucada quem não tem um pandeiro
Não vive bem quem nunca teve dinheiro
Nem tem casa pra morar
Não cai na roda quem tem perna bamba
Não é de nada quem não é de samba
Não tem valor quem vive de muamba
Pra não ter que trabalhar
Eu vou procurar um jeito de não padecer
Porque eu não vou deixar a vida sem viver


Mas acontece que a Maria Joana
Acha que é pobre, mas nasceu pra bacana
Mora comigo, mesmo assim não me engana
Ela pensa em me deixar
Já decidiu que vai vencer na vida
Saiu de casa toda colorida
Levou dinheiro pra comprar comida
Mas não sei se vai voltar
Eu vou perguntar
Joana, o que aconteceu?
Dinheiro não faz você mais rica do que eu
"

quarta-feira, 10 de março de 2010

Poema em Linha Reta

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.


Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza."

Fernando Pessoa

terça-feira, 9 de março de 2010

Aforismos de um artista que sonha em ser sambista. De verdade.

Saiu despreocupado com o mundaréu de gente nas calçadas.
Devagar e sempre. Ia sempre, o preguiçoso.
Não era malando. Não era trabalhador. Era sambista.
No entanto, o mundo. O mundão, mundão, mundo. Ou rodava no seu umbigo ou em volta do sol.
Ele, pequeno que nem qualquer coisinha.

Chegara à conclusão que
A vida estava sendo boa com ele.
Ele é que não estava sendo bom com a vida.
Ao menos não bom o bastante para atender aos convites dela.

Acreditava em Deus
Mas desconfiava que Deus não acreditava nele.

- Apenas me mande um sinal! Diga-me se eu valho alguma coisa! - Falou com a cabeça fritando debaixo do chapéu, debaixo do sol.

Eram 12 horas da manhã e da tarde. Oliveira precisava comer, tomar banho, beber água.

Desviava o olhar do encardido terno de linho branco . O que sobrara de sua promessa como artista.

Enquanto isso, fora demitido mais uma vez. Mais um empreguinho de merda.

- Tem de botar a cara no mundo!

Mas Oliveira preferia ficar em casa. Nada de depressão. Já não sofria disso. Em casa, porque lá era melhor. Só falava quando queria. Só escutava quando abria as portas. Tinha escolha. Podia pensar.

- Oliveira, Oliveira, demitido novamente!

"Talvez um tapa bem dado cale até os ossos desse sujeito. Deixa eu em paz!"

Demitido do inferno, onde nunca quisera estar. Mas era lá onde ele sempre ia bater - lá, onde as horas não lhe pertenciam.

Liberto, ele sentava e cheirava a beira da ponte. Cheiro bom de rio.

- Vai ter que vender sapato na rua de novo!

"Ah não! Sapato na rua não!"

- Fica tocando essa MERDA! É isso que acaba contigo!
- Não tens opção, Oliveira! Já foi, já é! Tais de passar fome?

"Passar fome..."

Só venderia sapatos se fossem desses bem leves. Desses que cabem no bolso. Oliveira queria voar com eles nos pés.

Ficar ali, sendo profundeza, sentindo, sentindo... Queria fazer samba e não viver vidinha atrás de dinheiro.

- Vai trabalhar, Oliveira!
- Vai TRABALHAR!

- Oli, Oli.. Quando sua mãe acordar não vai saber de nada. Sua história de vida não será permitida, não se preocupe.

"Passou relâmpago aqui.
Quase queimou tudo.
Estou desempregado
Porém, continuo.
A possibilidade é mais óbvia agora"

A vida dele. A vida de Oliveira AINDA era coragem. In vitro.

- Foi tudo tão patético. Até aqui a tua vida, Oliveira. Vida que não vai nem vem.

As usual.

"Vou saltar dessa ponte!"
Não serás!
"Vou soltar desse jogo"
Capaz!

- Os ameríndios. Você, Oliveira, um ameríndio. 0s ameríndios também não tinham valor no que tinham e só ganharam o que não era deles.Se sente assim?
Alguns deles secretamente passaram a desejar a alma de europeus da Europa. Você também, não é, Oliveira?

- Gosta de Champagne?

"A vida não tem agora, porque o agora sou eu e eu não aconteço, não sou verbo nenhum.
Ai sou: espero.
Que meu caso seja levado às instâncias finais do desepejo."

"Estou pobre. Mas queria ficar rico! Talvez sim, secretamente deseje ser um europeu da europa."

- Oliveira, vai sonhar assim lá na PUTA QUE TE PARIU.

"Eu quero era voltar
pro meu
lugar
de origem

coração"

"Apenas sou!
Sapato branco de nuvens!
Samba da velha guarda da Mangueira"

"Estou esquecido do mundo aqui,
Resguardado em mim mesmo"

No entanto, também:

Sobram sementes de uma alvorada

Abelhas perdidas da mesma alcateia

Sobreviventes sem rumo

Iguais a ele. Havia a chance de que Oliveira, indavertidamente, não estivesse navegando só em sua intolerância com o destino. Pessoas como ele também estavam rosnando contra a maré.

"Eu, Oliveira, sambista de primeira? De segunda? De terceira?"

Do samba resta o sapato branco, o terno de linho que, convenhamos, a ninguém convence. Ainda.

- Precisa abrir o bico! É, soltar a voz, homem-passarinho!

"Não sou passarinho, porra! Não vou sair cantando por aí, soltando por ouvidos desavisados tudo o que sou."

- Pois é. Por isso que ninguém te ligou ontem. E nem antes de ontem, nem depois.

- Por que você não bota a cara no mundo? De uma vez! Vai ficar fazendo samba do além até quando? Bota a cara no mundo, Oliveira!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Invictus

"Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma."

William E Henley