sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Friends - Emily Dickinson

They might not need me; but they might.
I'll let my head be just in sight;
A smile as small as mine might be
Precisely their necessity.

Emily Dickinson

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

a lembrança e a verdade

E apenas uma lembrança

retrocede o que o tempo passou

Há o que se esquece
Há o que não se esquece jamais

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Come Here - Kath Bloom

there's a wind that blows in from the north, and it says that loving takes it's course.
come here. come here.
no i'm not impossible to touch, i have never wanted you so much.
come here. come here.
have i never lay down by your side? baby, let's forget about this pride.
come here. come here.
well, i'm in no hurry. you don't have to run away this time.
i know that you're timid, but it's gonna be all right this time.

assunção

não que eu estivesse em lugar algum, a não ser dentro de mim
os dias de passarinhada voam alto e voam longe
caibo, recaibo, transcaibo em lugar nenhum
aqui fora
aqui dentro
em cima do fio, de onde canto para as àrvores
dentro do ninho, onde estou confortável com minhas penas

se eu pudesse diria
faria, prometeria
casas feitas de pensamento, tijolos blocos de sol
mas tudo que tenho são as mãos
e o pensamento
e a revoada

a difícil hora de escolher entre ser eu mesma
e ser quem quer que seja
a difícil de assumir meu nome
que nunca, nem de longe, me alcançou

a difícil hora de perceber que eu, sempre eu
posso me abandonar pela vida inteira
se não levar a sério
o brilho dos meus próprios olhos

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

labirinto

Eu deveria ter sido aceita no furo da espingarda. E ser a bala fatal. Agora é de chumbo essa cor violeta de um sonho que se excedeu. (Todo sonho é cor de estrela e, se parece de chumbo, é porque morreu) Não foram quatro paredes que me prenderam, foi um labirinto de caminhos descaminhados, descaminhos que me fizeram perder onde tudo começou e onde tudo ia se finalizar. Todo labirinto tem uma saída, mas consome tanto a vida, que ela se despedaça do que era e do que iria ser entre começo-meio-e-fim.

Eu deveria ter sido aceita no furo da espingarda. E ser a bala fatal. E vencer o labirinto como uma esperta, uma burladora de cansaços, uma heroína dos desalentados e desatendidos. E matar o labirinto antes de ser matada por ele. A estrela agora se finaliza com seu cobertor de chumbo, tossindo resquícios de uma promessa de amor que se foi. Ela brilha molemente, me dizendo: teve uma hora em que parei de achar que vale uma pena.

E me perdi sem estrela, já nem lembro mais dela, me perdi pra sempre.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O cheiro da canela

Polvilhando a papa de aveia, Ciça falou: Ai ai, eu gosto tanto do cheiro da canela!

Ciça está desperta e recebe as graças do mundo.

domingo, 22 de novembro de 2009

mulherzinha porcaria

Eu te olhei com espanto:

Aquele teu corpo magro, amarelo-castanho

Que mal se aconchegava na frouxisse das roupas

Os cabelos espantados em choque elétrico, como arames farpados

A testa recôndita, rachada de sol

Eu bem sabia que teus dentes eram sorrisos de mentira

Você certamente era banguela.


Procurei a mulher bonita.

Mas, teu cabelo cor de tinta esgarçada

Tua voz dura e valente nordestina

O som estridente da sua risada paquidérmica

Que ria nem sei do quê


Ixe, que agonia!


No entanto, eu e você, mesma gente.

Mesmo aqueles cambitos masculinos por debaixo da tua saia de chita

E, me culpando pelos cambitos

Te dei vinte e cinco centavos


E envergonhada dos meus dentes sadios

Eu tentei permanecer sã em nossa relação

Permanecer justa e consciente da situação

Sentir-me culpada, chorar sua desgraça seria uma forma de não sentir-me um monstro

De mostrar sensibilidade

Porcaria:

Monstro ela

Monstro eu

Presas às nossas diferenças

À vítima e o ladrão

Saia da minha porta, coisa feia!

Suma para dentro do caixão.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

ao meio-dia

"Não fique triste

Seja como o sol ao meio-dia"

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

The Road Not Taken - Robert Frost

"Duas estradas divergiam em um bosque em setembro
E lamentando não poder seguir em ambas vias
E sendo o único viajante, durante muito tempo me lembro
olhei para uma tão longe quanto eu conseguia
até onde ela dobrava na descida e sumia

Então peguei a outra, parecia boa e vasta
e fosse talvez a mais atraente
pois estava coberta de grama precisando ser gasta
embora aqueles que passaram na frente
tivessem gastado ambas quase igualmente

E ambas que aquela manhã igualmente fez
cobertas por folhas, pegada alguma a manchar
Oh, deixei a primeira para outra vez!
Mesmo sabendo como um caminho leva a caminhar
duvidei se iria algum dia voltar

Devo estar contando isso com a alma cortada
Em algum lugar, há uma distância de tempo imensa:
divergiam em um bosque duas estradas
e eu escolhi a menos viajada
e esta escolha fez toda a diferença."

terça-feira, 17 de novembro de 2009

olhando o mar

E revejo o que tenho para fazer
Pois, por hora, me esqueci
Rebobinada com os olhos assim
quentes, agulhões d'água
E é só neles que penso agora
Meu corpo a zumbizar dementemente

E eu fecho os olhos porque nessas horas
eles querem sempre estar lavados
recebendo ao menos um pingo
de uma diluviada inteira

e seguro o olhos com força
até o negrume esverdear

- O que tenho para fazer?

E já me esqueci de novo

Eu não devia ter vindo ao trabalho hoje
Eu não devia sequer ter acordado

Hoje eu não tô podendo sair de mim
Meus olhos assim
sabinados
salgados
maremolentes

não sei nem o que estou fazendo aqui
com um mar inteiro batendo nas minhas portas

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

elefante

Só um elefante
Com sua gentileza de gigante
P'reu abraçar agora

Um elefante muito grande
Quentinho e aconchegante
Com seu olhar doce de velhinho

Só um elefante acolheria grande o bastante
os desencontros do meu coração
as ausências nos meus braços

domingo, 15 de novembro de 2009

A libertação dos cavalos

O desânimo nunca foi guerreiro. Portanto, estrelinha miúda e delicada do meu céu, não pare nunca de brilhar mesmo diante dos mais escuros cadafalsos de meus medos.
[PAUSA] Preciso dizer um segredo:

Desamarrei as cordas dos meus desejos!

Como seria agora a facínora de me negar?
De me impedir?

[PAUSA]
Ficaram com medo do que será de mim
E me dizem:
Pé na frente e o outro atrás
Não seja assim tão cega de coragem

Como um touro, eu respondo:
Não afoguem minha luz
Nem me confundam com talismãs de falsa segurança
Engolir o ímpeto depois descobri-lo
É quase tão difícil quanto aceitar a morte
É quase tão morrente quanto a própria morte

E o que sobra é quase a vida
Bastarda, irreconhecível
Como um animal abandonado pelo seu bando.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Onde ir - Vanessa da Mata



"Eu não sei o que vi aqui
Eu não sei prá onde ir
Eu não sei porque moro ali
Eu não sei porque estou

Eu não sei prá onde a gente vai
Andando pelo mundo
Eu não sei prá onde o mundo vai
Nesse breu vou sem rumo

Só sei que o mundo vai de lá pra cá
Andando por ali
Por acolá
Querendo ver o sol que não chega
Querendo ter alguém que não vem

Só sei que o mundo vai de lá pra cá
Andando por ali
Por acolá
Querendo ver o sol que não chega
Querendo ter alguém que não vem (não vem)

Eu não sei o que vi aqui
Eu não sei prá onde ir
Eu não sei porque moro ali
Eu não sei porque estou

Eu não sei prá onde a gente vai
Andando pelo mundo
Eu não sei prá onde o mundo vai
Nesse breu vou sem rumo

Só sei que o mundo vai de lá pra cá
Andando por ali
Por acolá
Querendo ver o sol que não chega
Querendo ter alguém que não vem

Cada um sabe dos gostos que tem
Suas escolhas, suas curas
Seus jardins
De que adianta a espera de alguém?
O mundo todo reside
Dentro, em mim

Cada um pode com a força que tem
Na leveza e na doçura
De ser feliz."

terça-feira, 10 de novembro de 2009

mulher fenomenal

Eu, super-mulher, estátua de ouro
Super-mulher blindada, super-segura
Super-não tropeça nem se escora
Super-ninguém me vê chorar
Super-profissional de ser si mesma

Eu me garanto!

E, voando comigo
Voando neste ser-além
Deslizo entre as casas, jardins, edifícios, montanhas...
E ninguém me pega
Pairando airosa
Arenosa
Acima do leque, acima do véu
Meu rosto aberto, sacro
Nuvens firmes no olhar
E mais nenhuma palavra a dar

eu já disse tudo.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

a vida e eu

Não me posso roer de medo. Nem de sono, nem de fome. Quando não escolho o que quero da vida, a vida acaba fazendo o que quer de mim

domingo, 8 de novembro de 2009

produção avionária

Produção avionária
Penso nas galinhas dentro das sujimundas caixas
"São apenas animais!", painho me disse
Mas as pobres galinhas...
Viajando de 8a classe para o triste abatedouro
Mirradas,sofrentes
Os olhares pobrezinhos

Animal de nada sofre?

Ele de nada se vinga
Inocente
Ele de nada se vinga.

Mundo mundo

O mundo já era mundo
O mundo mundo sempre será

Meus pés seguem como poeira de vento
E a ínfima morte de um, e a ínfima morte de qualquer um
Nada mudará

Nem pro peixe
Nem pra terra
Nem pro sol
Nem pro mar

O mundo foi e é mundo
Antes mesmo de tudo que foi concebido como tudo

Quantos idiotas como eu não percebem o óbvio:
A Terra não precisa de mim
Eu é que preciso dela

Estrelas

Formigas
Quimeras de sol
Centauro, centopéia, escorpião...
Ponto a ponto no escuro oceano do infinito

Um momento:
dois
três
e ainda brilha
Quase brilha para sempre
As estrelas
A cabeça da gente

tudo podemos encontrar
Com esses olhos que a luz nos dá
Tudo tudo tudo podemos encontrar

Olhos Lavados

Olhe-me com olhos lavados, pois neles estão o seu embarque.
Neles fechamos o livro. Neles não há mais palavra nem dúvida nem dívida.
Olhe-me com olhos lavados e creia, e desperte para o próprio olhar, e se vá.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

The Beatles - Accross the Universe

"Words are flying out like
endless rain into a paper cup
They slither while they pass
They slip away across the universe
Pools of sorrow waves of joy
are drifting thorough my open mind
Possessing and caressing me

Jai guru deva om
Nothing's gonna change my world
Nothing's gonna change my world
Nothing's gonna change my world
Nothing's gonna change my world

Images of broken light which
dance before me like a million eyes
That call me on and on across the universe
Thoughts meander like a
restless wind inside a letter box
they tumble blindly as
they make their way across the universe

Jai guru deva om
Nothing's gonna change my world
Nothing's gonna change my world
Nothing's gonna change my world
Nothing's gonna change my world

Sounds of laughter shades of life
are ringing through my open ears
exciting and inviting me
Limitless undying love which
shines around me like a million suns
It calls me on and on across the universe

Jai guru deva om
Nothing's gonna change my world
Nothing's gonna change my world
Nothing's gonna change my world
Nothing's gonna change my world
Jai guru deva
Jai guru deva"

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Quien Fuera - Sílvio Rodríguez

Estoy buscando una palabra
En el umbral de tu misterio
Quien fuera ali baba
Quien fuera el mitico simbad
Quien fuera un poderoso sortilegio
Quien fuera encantador.

Estoy buscando una escafandra
Al pie del mar de los delirios
Quien fuera jackes coustou
Quien fuera nemo el capitan
Quien fuera el batiscafo de tu abismo
Quien fuera explorador.

Corazon, corazon obscuro
Corazon, corazon con muros
Corazon que se esconde
Corazon que esta donde corazon
Corazon en fuga, herido de dudas de amor

Estoy buscando melodias
Para tener como llamarte
Quien fuera ruiseñor
Quien fuera lennon y mcartney,
Sindo garay, violeta, chico buarque,
Quien fuera tu trovador.

Corazon, corazon obscuro
Corazon,corazon con muros
Corazon que esconde
Corazon que esta donde el corazon
Corazon en fuga, herido de dudas de amor (corazon).

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Animal - Miike Snow



"There was a time when my world was filled with darkness, darkness, darkness
And I stopped dreaming now
I'm supposed to fill it up with something, something , something
In your eyes I see the eyes of somebody i knew before long long long ago
But I'm still trying to make my mind up
Am I free or am I tied up?

I change shapes just to hide in this place but I'm still, I'm still an animal
Nobody knows it but me when i slip yeah i slip
I'm still an animal

There is a hole and i tried to fill up with money, money , money
But it gets bigger to your hopes is always
Running,running,running

In your eyes I see the eyes of somebody of who could be strong
Tell me if I'm wrong
And now I'm pulling your disguise up
Or you free or are you tied up?"

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Mariana Caronte Mariana

" Carradas e carradas e carradas e o tempo fugiu. O tempo não me diz nunca que ele é meu, só meu. Nem eu reclamo posse; reclamo reclamo reclamo de mim, para mim. E o que eu, pequena eu, posso fazer? Talvez um tempinho, uma brecha, uma fresta. O resto é assim. A frustração de que as coisas poderiam ser diferentes, de que poderiam ser melhores talvez nunca me deixe. Audaz, eu queria ser audaz o bastante para admitir que não existo, pois é dentro do que não existe que sou muito maior. Só sou honesta com as palavras quando as palavras são minhas. Mas faz tanto tempo que elas fugiram de mim, faz tanto tempo que elas temem a minha dureza, minha voracidade com o inócuo... como se minhas mais e tão preciosas letrinhas fossem menores, não tivessem importância. Me vejo então com o que construo e eu sei que não há nada aqui fora a não ser o meu pensamento. Nada. E me abandonei tão facilmente, como se me deixar de lado fosse mesmo possível. Então, idiotamente tenho dito e digo tantas e tantas vezes que eu sei da verdade...

Eu preciso ser tantas coisas que não me sobra tempo para ser eu mesma. Agora, agora mesmo, o ruído da vida que me construí me atrapalha e eu não consigo... Mais frustrante do que não encontrar é não alcançar. É apenas e tão somente apenas pensar que eu não me cobrarei todos as pulsações de meus olhos e mãos um dia. E eu temo este dia, temo como sentirei vergonha e minha vida desperdiçada.

Eu me achei, eu me acho dentro de mim mesma. Mas eu não tenho lugar para mim fora de mim. Não tenho lugar para ser em lugar objetivo. De que vale a vida a se suportar? Esse vazio, esse vazio se sustenta no meu próprio sustentar.
Agora esqueço tudo, digo tudo de uma vez, digo mais uma vez e pulo da hora e perco obrigações. Por cinco minutos, cinco gloriosos e ínfimos minutos. Eu não posso jogar nada para o alto, pois aqui em baixo nada construí. Talvez um dia me obrigue a ser certa, me obrigue a ser a seta que há, tão certa, dentro de mim. Me obrigue como quem se obriga a respirar.
Me pergunto até quando este corpo agüenta, este corpo agüenta ser apenas corpo, ser apenas imagem, apenas, apenas e sempre a penas."

quarta-feira, 17 de junho de 2009

sei não sei

foi, até que gostei

preferiria pensar melhor sobre isso

sobre o que gosto não gosto

sobre o que quero não quero

mas chega um tempo

sim, o tempo chega

e é isto

nem para cima nem adiante

nem pra lugar nenhum além do nada

é isto e é exatamente isto

não quero pensar se seria seria

o que estou fazendo da minha vida

faço dela o que ela faz de mim

e está tudo bem

tudo tudo bem

o dia num instante se acaba

a alma, cansada de tantos rodopios, diz amém.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Velejador

De agora em diante,
vou viver como um velejador
E na direção em que minha vida estiver
eu vou
e vou
e vou

terça-feira, 26 de maio de 2009

Na minha bicicleta

Na minha bicicleta, enquanto vou e volto dos mesmos lugares, eu penso em você. E conversamos e trocamos olhares, e eu sou alguém... Alguém que é alguém pra você. Não sou apenas esse alguém que vai e volta dos mesmos lugares. Não esse alguém que tem olheiras no rosto. Eu penso até que seria um alguém mais raso, entretanto mais espetacular, mais brilhante: televisivo. E, dentro desse alguém super-poderoso, minhas mãos não tremeriam debaixo da mesa quando eu visse o seu sorriso.
Na minha bicicleta, o asfalto vai correndo rápido e eu penso que vou alçar vôo, que minha bicicleta vai rodar na velocidade de rapina dos meus pensamentos. Mas, quando dou por mim, a bicicleta já chegou em casa. Acendo as luzes, me acolho em minha vida e esqueço de achar graça no vento frio das vidas que não existem.

Todos os dias

Eu só te digo uma coisa: Qualquer dia desses, você vai acordar, vai ver que tem 40 anos e que passou 20 deles pedindo praquelas pessoas (que você hoje nem lembra mais o nome) que te reconhecessem e te dissessem: esse é gente!

Entenda uma coisa: gente a gente sempre é.

sábado, 16 de maio de 2009

sexta-feira, 15 de maio de 2009

eu vi vida

É que meu coração
Ah, meu coração
É a única parte minha
Que nunca se esquece de mim.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

trancas

Nós trancamos nossos armários

Antes, foram os aeroportos
Depois, os portões
Depois, as portas
Agora, os armários

Tudo começou
Quando você comeu meu chocolate
E eu peguei seu protetor solar
Mas nós não admitimos nada
Pois nossa coragem
Só nos permitiu fazer-nos acusações

Pois não se pode mais confiar em ninguém
E não se pode confiar a ninguém
Nem mesmo os erros, nem mesmo os acertos
Nem mesmo o que se sente.

Daqui a pouco, fecharemos as bocas
Para que também não nos roubem
A mente.

Los Extranjeros

Uma roda de estrangeiros
Cabelos bonitos
Peles bem cuidadas
Tênis Adidas e óculos dolce & gabanna
Sâo sorridentes
Querem fazer trabalhos sociais
Alguns por quatro semanas
outros, mais

A comunidade fica encantada
Meus olhos brilham com o gringo na minha frente
Os olhos azuis
A pele tão clara...
Eu poderia fisgar um deles...
Um deles bem que poderia me fisgar...
Faríamos trabalhos sociais por uma semana
Depois, eu iria dar aula de capeira e rebolado
Lá na Americá

terça-feira, 12 de maio de 2009

Kbits, KBytes...

Ele me deu um computador

O computador da culpa e do perdão, eu me dizia

Um computador com 120 de HD e 2 de memória

Ele me deu este presente, mas eu não entendia

Quanto valia o meu perdão
Quanto valia sua culpa

quinta-feira, 7 de maio de 2009

trecho do livro Mariana, Caronte, Mariana

Estou com uma energia muito forte em meu peito e preciso fazer das horas um instrumento para dissipar meu coração.

Tric-trac-tric-trac-tric-trac-tric-trac-tric-trac-tric-trac-tric-trac-tric-trac-tric-trac-Tric

Respiro. Que medo é esse que eu sentia subir pelos meus pés e tomar meu corpo inteiro? Por que tanto medo de fracassar? Porque não simplesmente deixar? E que mal há nisso? E de que fracasso estou falando? Não ser a mas bonita? A mais inteligente? Perder-me em frangalhos é errado?
Tanta gente com o trabalho errado, com a vida errada. Tanta gente que, como eu, não serve para este mundo. Talvez seja esse mundo que não sirva para nós...

palavras

Ao saírem de mim
As minhas palavras casam com os teus pensamentos
Com as tuas palavras sobre as minhas

E lá vai tua cabeça, ocupando a minha
E lá vai minha cabeça, ocupando a tua
E nós nunca sabemos quantas estrelas tocamos
Nunca sabemos...

sexta-feira, 1 de maio de 2009

carteira assinada

Ser trabalhador e ainda com carteira assinada é uma das maiores aspirações que um sujeito pode ter atualmente!

Portanto, esqueça a identidade. O negócio agora é a CARTEIRA ASSINADA. Assinadinha, bonitinha, com carimbo e tudo.

E a sua cara lambida de 18 anos, esperando que o tempo passe.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

El tiempo me ha dicho - Nick Drake

"El tiempo me ha dicho
Eres un extraño hallazgo
Una conflictiva cura
Para una mente agitada

Y el tiempo me ha dicho
Que no pregunte por más
Algún día nuestro océano
Encontrará su orilla

Así que dejaré las costumbres que me hacen ser
Lo que en realidad no quiero ser
Dejaré las costumbres que me hacen amar
Lo que en realidad no quiero amar

El tiempo me ha dicho
Llegaste con el amanecer
Un alma sin huellas
Una rosa sin espinas

Tus lágrimas me dicen
Que no hay realmente ningún modo
De acabar con tus problemas
Con cosas que puedas decir

Y el tiempo te dirá
Que te quedes a mi lado
Para seguir intentándolo
Hasta que no quede nada que esconder

Así que deja las costumbres que te hacen ser
Lo que en realidad no quieres ser
Deja las costumbres que te hacen amar
Lo que en realidad no quieres amar

El tiempo me ha dicho
Eres un extraño hallazgo
Una conflictiva cura
Para una mente agitada

Y el tiempo me ha dicho
Que no pregunte por más
Algún día nuestro océano
Encontrará su orilla"

domingo, 26 de abril de 2009

somos

Ele se olhou no espelho
Esperava por um telefonema, mas não tinha o que falar
Não tinha nada o que falar sobre ele

Ela então telefonou e
Ele, irritado, lhe disse:

Não tenho muito o que falar
Quer saber do meu trabalho?
Tornei-me o que não sou, isso é possível?

Ela replicou:

Você perdeu as horas
Perdeu...
Perdeu as suas horas

Ele lamentava:

Eu sou olheiras
Eu sou o chefe
Eu estou cansado...
Eu não sei mais quem ser quando chego em casa
Me diga, me diga a verdade. Você ainda me reconhece?

Ela, embaralhada

Te vejo só à distância
Em minhas lembranças.
Eu não sei onde fomos parar
Às vezes, nos imagino conversando
E estamos livres, e somos livres
E continuamos sendo...
Mas me parece que agora fingimos não saber
Fingimos não saber de nada.

Demos nossos pescoços à prêmio
E o tempo nos deu o nó da gravata.

Lullaby - 2006

E um dia
Foi você quem me revelou
Que a verdade não é canção pra se dormir

Mas eu não vou cantar pra você
O quanto você é chato
E o quanto tem estado calado
Porque eu entendo muito, muito pouco
Do que se faz pra dormir

Talvez eu cante:
A vida é
Pouco importa
Eu já estás aqui.

É meu amigo?
Mas...
É.
Na vida.

Porque eu quis gritar com você
Eu quis...
E meia hora depois
O presente era outro

Ento, escuta eu cantar baixinho
Depois que você acordar
Naquela janela que me faz bonita
Que tudo é saudade

Você não aprende essa canção que eu inventei
Porque acha que, se algo deve ser apreendido
quem deve aprender sou eu

Isso eu aprendi

Você não diz nada
E deve dizer muita coisa
Eu que não escuto
Pois só escuto o que eu digo do que você me diz (fato, fato...)

Foi se o tempo ontem
Foi-se a hora
Que esperei chegar resposta
Do que nunca chegou

Você já viu?
É que
Pois é...
Não morre
Você já é
E não morre

Tanto que é
Eu quis gritar com você
Tanto que é
É só saudade
Do que achei que te dizia
E que hoje não posso mais dizer

Cara lavada

A minha cara lavada
Não tem coragem de dizer mais nada
A minha cara lavada
Preferiu
A minha cara lavada

Eu

Se eu
Fosse eu
Eu estaria livre

Mas eu
Sendo eu
Estou presa

Eu
aqui
estou cansada

Eu
Onde há
Vida

Voltas

A vida se transformou
Deu muitas voltas
Não deu?

sábado, 25 de abril de 2009

O presente

Eu poderia te dar uma poesia do Pessoa
Ou falar sobre os dragões de Caio Fernando Abreu

Poderia gravar músicas do Roberto Carlos
Ou lhe dar estrelas dentro de um caleidoscópio

Eu poderia lhe dar um jarrinho de plantas bonitas
Ou um trancelim descolado

Mas pra você não
Pra você nada entende o que eu falo

Eu poderia lhe dar um livro que eu nunca li
Ou um livro que já li e gostei
Poderia lhe dar uma camiseta bonita
Ou uma luminária japonesa
Poderia lhe mandar um peixe no aquário
Ou duas escovas de dente amarradas

Mas você não
Pra você nada entende o que eu falo

Eu não sei o que lhe dar
Talvez um beagle azul
Um faquir
Um parque de diversões

Mas pra você, talvez um barco
Talvez um vaga-lume
Um sorvete de flocos

Ás vezes dou presentes
Que tentam demonstrar o que uma pessoa me representa
Mas pra você não tenho palavras nem objetos
Queria lhe dar um arco-íris inteiro
Queria lhe dar um arquipélago.

Tudo é tão novo em meu coração
E tão distinto do que já conheci
Que eu fico em confusão inteira
Sem entender mais nada

Fico só pensando, sem saber das horas
O que eu poderia lhe dar em seu aniversário
Que fosse deveras fiel ao meu sentimento
Que é o que de mais precioso tenho.

Penso em uma estrela-do-mar
Penso depois no vento...

Nina cantou...

"Across the evening sky
All the birds are leaving
But how can they know
It's time for them to go?
Before the winter fire
I will still be dreaming
I do not count the time
For who knows where the time goes?
Who knows where the time goes?

Sad deserted shore
your fickle friends are leaving
Ah, then you know
It's time for them to go
But I will still be here
I have no thought of leaving
You know I have no thought of time
For who knows where the time goes?
Who knows where the time goes?

And I am not alone
While my love is near me
I know it will be so
Until it's time to go
So come the storms of winter
And then the birds in spring again
I do not fear the time
For who knows where the time goes?
Who knows where the time goes?"

Caronte

Não queria muito
Mas seria bom
Para o ego, para a língua, para o dia seguinte...

Não queria muito
Não seria nada
Para a alma, para a solidão, para o dia seguinte...

E assim
Houve um breve espaço em que eu me perguntava
Se sim
Se não

Baixei os olhos e olhei para a mesa
Foi o bastante

Quando voltei a vista para o seu lado
Você já estava conversando com outra pessoa
Pegava na mão, alisava o cabelo...
Do mesmo jeito que, cinco minutos antes, havia feito comigo

Eu gostaria de ser como você.

isso

Não estou gostando disso

Não estou!

Não estou gostando disso

Não estou gostando de nada do que estou escrevendo

Isso aí não sou eu

Deixa eu

Deixa eu falar, caralho

!

Para uma amizade antiga

A tua ausência não me incomodaria

Se eu soubesse haver uma outra Mariana

Para esta outra Bárbara que agora se apresenta a mim

Mas eu estou aqui ainda...

Esperando você no mesmo lugar.

a menina

Você é linda
Como sempre sempre foi
Eu ainda criança lhe tocava o rosto
Que se aproximava de meus olhos adormecidos

Tão minha era essa alegria
Tão pequena e honesta em meu coração de criança
Que mal eu sabia
Que esse encanto duraria
Para o resto da minha vida

Pink moon - nick drake

"I saw it written and I saw it say
Pink moon is on its way
And none of you stand so tall
Pink moon gonna get you all
Its a pink moon
Its a pink, pink, pink, pink, pink moon."