domingo, 26 de abril de 2009

somos

Ele se olhou no espelho
Esperava por um telefonema, mas não tinha o que falar
Não tinha nada o que falar sobre ele

Ela então telefonou e
Ele, irritado, lhe disse:

Não tenho muito o que falar
Quer saber do meu trabalho?
Tornei-me o que não sou, isso é possível?

Ela replicou:

Você perdeu as horas
Perdeu...
Perdeu as suas horas

Ele lamentava:

Eu sou olheiras
Eu sou o chefe
Eu estou cansado...
Eu não sei mais quem ser quando chego em casa
Me diga, me diga a verdade. Você ainda me reconhece?

Ela, embaralhada

Te vejo só à distância
Em minhas lembranças.
Eu não sei onde fomos parar
Às vezes, nos imagino conversando
E estamos livres, e somos livres
E continuamos sendo...
Mas me parece que agora fingimos não saber
Fingimos não saber de nada.

Demos nossos pescoços à prêmio
E o tempo nos deu o nó da gravata.

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