domingo, 22 de novembro de 2009

mulherzinha porcaria

Eu te olhei com espanto:

Aquele teu corpo magro, amarelo-castanho

Que mal se aconchegava na frouxisse das roupas

Os cabelos espantados em choque elétrico, como arames farpados

A testa recôndita, rachada de sol

Eu bem sabia que teus dentes eram sorrisos de mentira

Você certamente era banguela.


Procurei a mulher bonita.

Mas, teu cabelo cor de tinta esgarçada

Tua voz dura e valente nordestina

O som estridente da sua risada paquidérmica

Que ria nem sei do quê


Ixe, que agonia!


No entanto, eu e você, mesma gente.

Mesmo aqueles cambitos masculinos por debaixo da tua saia de chita

E, me culpando pelos cambitos

Te dei vinte e cinco centavos


E envergonhada dos meus dentes sadios

Eu tentei permanecer sã em nossa relação

Permanecer justa e consciente da situação

Sentir-me culpada, chorar sua desgraça seria uma forma de não sentir-me um monstro

De mostrar sensibilidade

Porcaria:

Monstro ela

Monstro eu

Presas às nossas diferenças

À vítima e o ladrão

Saia da minha porta, coisa feia!

Suma para dentro do caixão.

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